sábado, 26 de janeiro de 2013


Um pequeno histórico de uma banda de rock ‘n roll

                O que acontece quando você começa amar algo e passa a sonhar a fazer disso algo maior? No meu caso em 1985 passei a gostar tanto de um estilo musical que cheguei a sonhar em viver disso.
         O Rock ‘n Roll surgiu num estalo no som que saiu do toca fitas de um amigo de infância através de uma fita cassete. Na memória ficou “Two Minutes to Midnight” de um Iron Maiden que tornou tudo mais simples. E no outro lado da fita só pra fazer tudo ficar mais certeiro havia outro estilo, o progressivo do Yes. Aí impulsivamente comecei minha coleção de vinis ao avesso, comprando primeiro os discos pra depois comprar o aparelho pra ouvir. Ia aos vizinhos e combinava com eles o que comprar para que não comprássemos os mesmos. Antes de compartilhar no facebook compartilhávamos discos numa rede social que nada tinha de virtual.
Eram outros tempos!
         E o destino fez com que uns três anos depois eu me mudasse pra outro bairro da cidade onde certo dia quando estava em frente da casa ouvindo Bob Marley, vi um moleque chegando à casa da frente e sendo recebido por outro com violão na mão.
         Eles estavam aprendendo a tocar...
         Uma coisa não acontece à toa. Na hora me veio à cabeça a possibilidade maluca de também aprender a tocar e de fazer amizade com eles. Um deles ganhou um equipamento com a palavra mágica “guitar player” e então colocou na cabeça que pra usar aquela caixa de som tinha que tocar guitarra. Deus sabe o que faz...
         Daí pra eu botar na minha cabeça e acho que um pouco na deles também que poderíamos formar uma banda de rock foi um passo.
         O moleque que morava em frente da minha casa era o Alexandre Oshima que agora é um doutor delegado em outras paradas. Nós o chamávamos de Xandão e o pai dele pra quem é do tempo era conhecido por João Lambreta. Pensem um cara gente fina que se transformou num grande amigo?!
         Era uma época muito bacana: o Netinho tinha criado o que durou por três ou quatro meses e fez um sucesso danado: a Alternativa FM, uma rádio pirata que teve uma programação de primeira qualidade que enfrentou a então toda poderosa Panorama FM... Alguém se lembra da “Sexta Maldita” com o Daltão e o Julinho Michelin? Eu fui o programador oculto do programa do Paulinho Gente Fina, que foi um dos muitos que na época acabaram indo parar em Sorocaba. Tinha as gincanas que envolviam a cidade toda promovidas pelo Elcio Luís e tinham os campeonatos de futebol onde despontava um grande time que atendia pelo nome de Viracopos sempre seguido de perto pelo time da Biquinha. Tipo um Barça e Real Madri da época na cidade...
         Pra quem não viveu esse tempo é difícil entender, mas pro moleque que apareceu no meu vizinho pra aprender a tocar violão nos idos de mil novecentos e oitenta e oito não deve ser muito difícil.
         Jatir que sempre insistiu pra que eu aprendesse a tocar contrabaixo. Coisa que não fiz por total incompetência...
         O Jatir que tem ouvido absoluto. O mesmo que convocou pra fazer parte da banda que começava seus primeiros ensaios o Paulinho Marques Júnior, hoje presente aqui e que continua um apaixonado pela guitarra...
         Eu não aprendi a tocar nada e muito menos a cantar alguma coisa... O Dortinho que participava dos primeiros ensaios também... Não sei se todos sabem aqui, mas Jatir e Júnior devem se lembrar das cerca de doze músicas que chegamos a compor juntos. Do meu sonho de participarmos de um festival de rock. Mas o tempo é implacável e minha inquietude também. Fui fazer teatro... Poesia... E acabei saindo sem nunca ter feito parte de verdade e ainda bem que vieram depois o Fábio Dutra, o Binho, o Paulinho Palito, o Juliano e o Renato pra fazer com que o sonho de infância se tornasse realidade.
         Sim, realidade...
         Em nome de um passado de que todos aqui presentes devemos nos orgulhar sem falar no duro danado que cada um deu pra pegar as manhas do instrumento. Sei de que na verdade o que move todos nós, Jatir, Binho, Júnior, Juliano, Fábio e agora o Rolando (que magistralmente tá substituindo o Paulinho) é o amor que sentem pela música...
         E tem uma coisa maior que tudo isso: a amizade.
         Algo que é difícil de explicar. Algo que cada um sente do seu jeito. Essa amizade vem no prazer que sentimos em estarmos todos juntos hoje. Por ter a oportunidade de contribuir junto com todo mundo pra que esse momento fosse possível.
         Ter participado do início e estar aqui é um privilégio. Manter viva a sensação de prazer que sentimos ao estarmos juntos é o que realmente importa. Tirar um som, ouvir um som, um bom som... Sons que sempre farão parte de nossa história.
         É pra isso que um dia surgiu uma banda que pode não ter feito muita diferença fora de Itaí, mas que como o nome insiste em lembrar fez tremer nossa cidade e vai continuar abalando ainda mais hoje!
         Texto introdutório ao show de retorno do Skalla Richter em 28/12/2012 – após quase treze anos.


"Cabeça Dinossauro"



É o início.

E inícios pedem silêncio.
Reflexão.

Sempre escrevo ouvindo música e quase sempre é algum rock.

Bem vindos e boa viagem!