Um Amor Rock’ n Roll –
parte 4
Ir a um show de rock é uma
epifania.
O espetáculo de uma banda ou
artista ao vivo possibilita ao expectador diversas emoções que considero um
tanto parecidas com as de quem vai a uma peça de teatro. Permitem reflexão e
diversão, comoção e ilusão e do mesmo jeito que um jogo de futebol, extravasarmos
nossas emoções reprimidas no dia a dia... Grandes shows são também uma forma de
obtermos prazeres sensoriais e sensações diversas que se tornam, com o tempo,
marcantes e inesquecíveis.
Um filme em uma sala de
cinema lotada é também representa uma experiência muito diversa da de se ver um
filme na tevê da sala de casa. Imagina você estar ao meio de milhares de
pessoas vendo sua banda tocando ao vivo as músicas que você mais gosta? É sem
dúvida alguma uma experiência única!
A ida a um grande show
envolve diferentes etapas que vão desde a aquisição do ingresso que não é fácil
até a fila de entrada que exige certa dose de paciência. Em cada etapa pode se
sentir uma expectativa boa, que remete à infância e onde descobre-se às vezes
que a grande diferença entre a vida adulta e a infância não é outra coisa senão,
o preço do brinquedo... Bem mais caro...
Ao menos vinte dos dias mais
incríveis de minha vida até aqui, foram dias de rock. Destaco aqui cinco desses
dias que não sairão nunca de minha memória afetiva:
25/03/2007 – Roger Waters, Estádio do Morumbi – São Paulo.
Turnê em que Roger Waters e sua banda tocaram inteiro o “The Dark Side of
The Moon”, além de outros clássicos do Pink Floyd e da fase solo do músico. Com
incrível estrutura e caixas de som espalhadas pelas arquibancadas do estádio
dando um efeito especialíssimo à apresentação dando a impressão de que
estávamos muito próximos do palco mesmo estando distantes. O telão também era
um espetáculo a parte, pois apresentava clipes para cada música como o da
música “Wish You Were Here” com apenas a mão aparecendo para ligar um rádio e
acender o cigarro, encher um copo com bebida... Falando em bebida, a grande
pisada na bola dos organizadores foram os poucos locais de venda de cerveja que
custavam absurdos quatro reais a latinha. O porco inflável sobrevoando a
plateia, o prisma iluminando o público ao final da execução do LP mais vendido
na história na segunda parte do show, o coro das backing vocals e os músicos
fora de série contribuíram para que esse show se tornasse o mais incrível que
já vi. Um showzaço!
15/03/2009 – Iron Maiden, Autódromo de Interlagos (turnê
“Somewhere Back In Time”) – São Paulo. Show dos clássicos da banda inglesa
que com a música “Two Minutes To Midnight”, que ouvi numa fita cassete em 1985,
fez com que eu passasse a gostar de rock. Até então, foi nesse show que o Iron
teve seu maior público, cerca de sessenta mil pessoas que na lama e mesmo com o
caos da saída e principalmente, chegada, puderam saborear seus sucessos. Saímos
de Itaí com uma van de amigos de Itaí, Avaré e Paranapanema. Pelas companhias e
pelo pessoal do norte do país, que conhecemos na fila foi um dia especial. Fila
que tivemos que furar para conseguirmos chegar a tempo de ver o início do show.
Um ano antes eu havia ido a um show do Iron no antigo Parque Antártica, estádio
do Palmeiras numa outra turnê. Só que esse show foi mais impressionante. Havia
muito mais gente... Uma curiosidade: o meu pessoal se dispersou e ao final do
show me perdi de todos e contei com a sorte ao “achar” o Franklin, amigo de
Itaí, que estava lá na casa de um amigo. Ele me ajudou a encontrar a van...
02/04/2011 – Ozzy Osbourne, Arena Anhembi – São Paulo.
Antes desse show caiu muita chuva que em nada atrapalhou a surpresa que tive desde
a abertura com a banda Sepultura demolindo e quebrando com certo preconceito
que eu tinha. Ver o Ozzy era um sonho de menino. O primeiro vinil que comprei
foi o “The Ultimate Sin” e o Black Sabbath foi trilha sonora da minha
adolescência. Na viagem, muita troca de ideias e risadas. 2011 foi um ano
especial, além de ver o Ozzy e ir ao Rock In Rio, fui também ao show do U2, no
Morumbi na turnê “360 º”. A chuva voltou durante “Suicide Solution” e eu
resolvi até me sentar para curti-la. A banda do Ozzy fez malabarismos para que
ele pudesse descansar. Tocando riffs e solos, eu prestei atenção nas saidinhas
dele em direção ao fundo. O legal é que ele voltava sempre revigorado... Do
jeito dele é claro. Tirando a água que alagou o local, tudo correu muito bem.
Dessa vez, não me perdi...
25/09/2011 – Dia do Metal no Rock In Rio – Cidade do
Rock, Rio de Janeiro. Apesar da exaustão ao final do dia, quando acabei
dormindo no gramado, durante parte do show do Metallica, que fechou o dia, foi
intenso demais, pois pude conhecer gente de várias partes do Brasil e
presenciei um clima de camaradagem muito raro. Ao entrar na cidade do rock fui
direto para a Street Rock e num coreto vi a apresentação de dois velhinhos
blueseiros, Seeley e Baldori, que já valeram o dia!
Uma curiosidade: minhas mãos
e cabeça, filmando a apresentação aparecem nessa gravação:
Vi parte dos shows do
Matanza e do Korzus no segundo palco, parte do show da banda Gloria no palco
Mundo antes de na sequencia ver extasiado Motorhead e Slip Knot. Tenho que
confessar duas coisas: um festival exige um condicionamento físico de atleta
para que o dia seja realmente aproveitado de verdade e o Slip Knot ao vivo é
uma das coisas mais impactantes que já vi na vida! Foi um dia perfeito, pois
tive a companhia de amigos, fiz novos amigos e vi grandes shows. Se me perguntam
se já fui ao Rio, respondo: ainda não. Fui à Cidade do Rock uma vez...
11 e 12/12/1992 – Guns N’ Roses, Estacionamento do Anhembi
(“Use Your Ilusion Tour”) – São Paulo. Com parte da formação clássica (Axl,
Slash, Clarke, Sorum e McKagan). Rose estava no auge, tanto de seu talento
quanto de suas excentricidades e paranoias, diante de todos os percalços com o
cancelamento do show por conta das fortes chuvas no dia 11 e o público que
havia comprado ingresso podendo ir no dia seguinte e tudo o mais...
Willian e Marina mal se
viram durante todo o show e tanto antes no show de abertura de uma banda meio
desconhecida, a Rosa Tatooada, e em todo o tempo de espera já na área do
público, ambos ficaram preocupados em curtirem ao máximo o evento, aquele
momento inesquecível. Tem uma teoria em que se um casal vai a um show de rock
junto, fortalece a relação e um casal se conhecer e ficar junto num show é
quase impossível.
Num show de rock é cada um
na sua!
Choveu muito durante o show.
Mana foi parar bem lá na frente perto da grade entre os seguranças e o palco e
pôde presenciar quando jogaram uma latinha de bebida no Axl que ameaçou deixar
o palco. Ainda bem que diferente do show anterior, ele estava bastante calmo e
fez para sorte nossa um dos melhores shows da carreira dele e dos demais
integrantes da banda. Já o Will se manteve numa parte meio que no centro de
onde podia ver bem o show e ao mesmo tempo curtir toda a movimentação sem os
solavancos e o empurra-empurra da multidão.
Os dois voltaram a se ver ao
final quando voltaram extasiados para o ônibus. Exaustos, cada um sentou no seu
lugar e dormiu por pelo menos duas horas...
Uma reportagem:
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