domingo, 9 de janeiro de 2022

Leituras de 2021

 

Minha lista das leituras de 2021

 

Amigos leitores, resolvi escrever sobre os livros que li durante esse ano de 2021. E inspirado pelo que faz anualmente o meu amigo José Renato Fusco farei isso em ordem de leitura com certa organização. Durante o ano fui tentando ler pelo menos um livro por mês. Quem acompanha os meus “corres” sabe o quanto conseguir tempo para ler não é, para mim tão fácil e o que parece pouco (12, 13 livros) é na verdade, um número razoável.

Vou usar em alguns livros, descrições tomadas do site da Amazon e colocarei as minhas opiniões pessoais em cada um deles. Como o Zé darei uma nota de 0 a 10 também. Sendo 0 para um livro que nem deveria ser impresso, (como minhas escolhas são pautadas pela necessidade de não perder tempo, isso é praticamente impossível). De 01 a 03, livros que dão vergonha, (improvável eu ler livros com essa nota pelo mesmo motivo também). De 04 a 05, livros com história fraquíssima ou com pouca qualidade prática (pode ser que aconteça e quase sempre nesses casos eu abandono a leitura). De 06 a 07, livros bons. De 08 a 09, livros excelentes. 10 para as obras primas ou essenciais.

 

1-   A Arte do Descaso" de Cristina Tardáguila– Em pleno Carnaval, quatro homens invadiram o Museu da Chácara do Céu, no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro, e roubaram cinco obras de arte: um Dalí, um Matisse, um Monet e dois Picassos, cujo valor estimado, na época, ultrapassava 10 milhões de dólares. Naquela tarde de 24 de fevereiro de 2006, os ladrões, de posse de uma granada, renderam os três seguranças, desligaram o sistema de câmeras de vigilância e fizeram nove reféns. Um dos invasores subiu em um móvel histórico para, com uma faca, cortar os fios de náilon que seguravam um dos quadros. Meia hora depois, saíram pela mata para nunca mais serem vistos. Até hoje se trata do maior roubo de arte do Brasil e do oitavo do mundo.

Decidida a desvendar o mistério, a jornalista Cristina Tardáguila chegou a se colocar em situações de risco a fim de encontrar respostas. Em sua jornada, ela viajou para a Europa e mergulhou no mundo obscuro dos crimes de arte. A partir de meticulosa apuração dos eventos, muito maior do que a da própria polícia conseguiu levantar, a autora produziu uma narrativa vibrante, cheia de reviravoltas dignas de um thriller, construída apenas com fatos.

“O Brasil entrou definitivamente no mapa do roubo de obras de arte com o assalto ao Museu da Chácara do Céu.”

Thriller eletrizante, baseado em fatos reais apurados com rigor.

Estreia em livro da premiada jornalista Cristina Tardáguila.

Minha opinião:- Cristina Tardáguila: com paixão pelo que está fazendo ao investigar o crime realizado no início do carnaval carioca em 2006 mostra o quão nosso país é omisso com o seu patrimônio cultural/artístico. A entrega da jornalista é incrível. Nota: 09. Leitura vibrante.

A autora é a idealizadora e diretora da agência de checagem de fake news, Lupa.

 

2-   2- "À Sombra do Cipreste" - do Menalton Braff. Um dos melhores livros que já li no início dos anos 2000– que reli nesse ano aos poucos entre as leituras de outros livros no decorrer dos meses de janeiro e fevereiro. Contos de mestre. É a obra que projetou Menalton Braff no cenário literário brasileiro, no limiar do terceiro milênio.

O realismo das cenas é muito bacana!

Para alguém que quer escrever, (Como eu), esses contos são uma grande aula. Nota 10. Leiam!

 

3-  3- “Falcão, Mulheres e o Tráfico" de MV Bill e Celso Athayde. Sobre a produção dos documentários feitos por eles.

Série de entrevistas feitas por Celso Athayde e MV Bill com mulheres que trabalham para o tráfico de drogas. Este livro foi escrito a partir do sucesso de Falcão - Meninos do Tráfico, no qual os mesmos autores expuseram a vida dos garotos envolvidos com o narcotráfico nos morros de todo Brasil. Falcão - Mulheres e o Tráfico desnuda este universo sombrio de forma franca e objetiva, com uma narrativa arrepiante e contundente.

Eu li pelo menos uns três (ou até mais) livros que mostram a realidade das drogas, do tráfico e das favelas. O mais impactante foi sem dúvida "Cidade de Deus" de Paulo Lins. Esse por ser um registro de bastidores de um documentário serve para referendar as impressões que sempre tive sobre o cotidiano nas favelas do Rio de Janeiro e de outras grandes metrópoles.

Nota:- 07

 

4-   "O Lado Bom dia Vida" de Mathew Quick, que originou um filme que ainda não vi.

Pat Peoples, um ex-professor de história na casa dos 30 anos, acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Convencido de que passou apenas alguns meses naquele “lugar ruim”, Pat não se lembra do que o fez ir para lá. O que sabe é que Nikki, sua esposa, quis que ficassem um "tempo separados".

Tentando recompor o quebra-cabeças de sua memória, agora repleta de lapsos, ele ainda precisa enfrentar uma realidade que não parece muito promissora. Com seu pai se recusando a falar com ele, sua esposa negando-se a aceitar revê-lo e seus amigos evitando comentar o que aconteceu antes de sua internação, Pat, agora um viciado em exercícios físicos, está determinado a reorganizar as coisas e reconquistar sua mulher, porque acredita em finais felizes e no lado bom da vida.

À medida que seu passado aos poucos ressurge em sua memória, Pat começa a entender que "é melhor ser gentil que ter razão" e faz dessa convicção sua meta. Tendo a seu lado o excêntrico (mas competente) psiquiatra Dr. Patel e Tiffany, a irmã viúva de seu melhor amigo, Pat descobrirá que nem todos os finais são felizes, mas que sempre vale a pena tentar mais uma vez.

Um livro comovente sobre um homem que acredita na felicidade, no amor e na esperança.

História de um desmemoriado.

A realidade muitas vezes é pior que a ficção. Esse livro trata da realidade totalmente diferente da classe média estadunidense. Contada em primeira pessoa as vivências de um homem com problemas mentais é bastante tocante. Nota:- 07.

 

5-   5- O Negociador" do John Grishan.

Kyle McAvoy é um jovem advogado cheio de boas intenções que se vê envolvido num jogo de espionagem e chantagem quando um vídeo comprometedor gravado durante uma festa de faculdade em seu apartamento cai em mãos erradas.

É um best seller e a intenção é se divertir mesmo. Essa história pautada em mais diálogos afiados que em ações tem aqueles elementos essenciais em livros feitos pra vender, elementos de suspense e mistério...

Um advogado recém formado envolvido em espionagem industrial contra a vontade. Grisham é um escritor muito hábil em criar climas. Com uma narrativa ágil o leitor sempre quer ir em frente... Todo ano eu procuro ler pelo menos um livro assim. E esse é um ótimo thriller com um final bastante interessante sem muita invencionice. A suspeita de Kyle de que seu "controle" é alguém do governo é muito realista. Gostei. John Grisham é sim, bom... Nota:- 08.

 

6-   6- Quincas Borba" do gênio Machado de Assis. Era o que faltava para eu ler da trilogia que inclui "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Dom Casmurro". Com Machado é assim: sempre se quer reavaliar e reler seus clássicos. Uma história que fala do quanto a loucura é tangível. E quando se trata de um clássico nem vou descrever muito, vou dar a nota que esse livro merece: 10.

 

7-  7- “Os Espiões” do Luís Fernando Veríssimo. É a história ficticia sobre um editor de livros que se sente na “obrigação” de “salvar” uma escritora iniciante de uma cidadezinha do interior gaúcho que envia capítulos de um livro contando teoricamente sua história... Mirabolante demais.

Confesso certa decepção. Acho que LFV se dá melhor com crônicas mesmo. Esse e "Clube dos Anjos" (lido ano passado) que são de histórias longas parecem não terem muita graça e/ou sentido. Dizer que não gostei é exagerar, mas não dá para afirmar que é bom. Nota:- 05.

 

8-   8- “Os Famintos e Outras Histórias” de Thomas Mann.

Dezoito contos em que o romancista consagrado de "A montanha mágica" e "Doutor Fausto" se vale de alguns dos temas que frequentam suas narrativas de maior folego para revelar-se competente também na arte das histórias curtas.

Único livro dessa série que não li por inteiro. Li cinco contos. Um exemplo: a primeira história é daquelas inquientantes demais. Um homem símples e feio quer paz, mas se vê apaixonado. Os contos lidos são de uma tristeza ímpar. Aconselho quem se atrever a ler se preparar, porque não é fácil. Nota:- 

9-  9-  "A Senhoria" de Fiódor Dostoievski.

Uma fascinante novela de Dostoiévski, ainda pouco conhecida pelo grande público. De fato, as inovações formais do autor - bem como a trama que liga o sonhador Ordínov à figura misteriosa de Katierina - só foram compreendidas no século XX, quando os críticos reconheceram neste livro uma pequena obra-prima que antecipa os grandes romances do autor.

É um livro até curto, mas tão denso que demorei uma eternidade pra ler. Mostra como as mulheres eram tratadas de forma submissa e machista na sociedade russa. É triste e por ser uma espécie de estreia do grande escritor russo é maduro demais. Nota:- 09.

 

10-               "Escolha de Mestre" organizada por Lawrence Block. Uma coletânea magistral de contos de suspense com dezoito contos onde oito escritores consagrados e contemporâneos escolhidos por Block, mais o próprio escolhem um conto de sua autoria e um de um outro contista de qualquer época. Cada um comenta e explica suas escolhas também. Muito bom!!!

 

Contos que elevam esse tipo de escrita a um novo patamar. Parece que tem outros volumes. Ficarão para o ano que vem... Nota:- 10.

 

11-               O décimo primeiro livro do ano foi o "Manifesto do Nada na Terra do Nunca" do Lobão. Tem coisa que ele fala que concordo muito e tem coisa que discordo com força, mas gosto da escrita do Lobão. Lobão escreve como se estivesse conversando e, invariavelmente, suas histórias são muito boas... "Manifesto do Nada na Terra do Nunca" é o que posso afirmar que é uma leitura importante para entender o outro lado, o lado da direita conservadora e um tanto reacionária...

Nota:- 07

 

12-                "Leituras de Escritor" - coletânea de contos organizada pela Ana Maria Machado. Um livro primoroso daqueles que nos surpreendem pelos contos de autores consagrados e outros nem tanto que ainda não conhecemos de fato.

 

Os contos escolhidos por Ana Maria Machado têm cada um deles um tipo de qualidade e de excepcionalidade diferentes. Fico muito feliz por tê-lo lido. Ele me fez uma pessoa melhor!

Nota:- 10.

 

13-               “O Sol é Para Todos" da Harper Lee com uma história contada pelo ponto de vista de uma pré-adolescente e que tem como pano de fundo o racismo tão em voga na época em que se passa o enredo, (década de 30). A história é contada de uma forma em que passamos a sentir afeição cada vez maior, a medida que a história vai ocorrendo, pelos personagens. Embora a cidade onde se passa a história é fictícia, tudo é baseado no que a autora viveu. Uma curiosidade: o garoto meio amigo, meio namorado de Scout, a protagonista, Dill é o amigo de infância de Harper Lee, ninguém menos que o Jornalista/escritor Truman Capote. Eu ainda não o acabei. É uma obra prima escrito por uma escritora reclusa a la J.D. Sallinger, que originou um filme clássico com Gregory Peck.

Nota:- 10.

 

Menção honrosa:- O Zahir" do Paulo Coelho. Livro que tentei ler no decorrer do ano. O objetivo é diversão, mesmo que ela venha embalada por uma reflexão filosófica rasa... Quero terminar, mas confesso que preciso entrar no clima. "O Zahir" é autobiográfico e isso é o componente que acaba me atrapalhando, acho eu. Um estrangeiro acredito que lê esse livro do Paulo Coelho com outra vibe... No meu caso, fico sempre achando meio "forçado'... Obs.: gosto da escrita do Paulo Coelho. Tenho o costume de ler pelo menos um livro dele por ano (já li “Diário de um Mago”; “O Alquimista”; “O Vencedor Está Só”; “O Aleph”). Mas esse ano me deparei com um muito fraco que é nota 04.

 

Sempre costumo dizer que ler liberta. Muitos não compreendem completamente o que quero afirmar com isso. Explico: ler nos liberta de muita coisa que às vezes imaginamos que sejam de um jeito e não são, nos liberta da intolerância, de todo e qualquer preconceito, discriminação ou sentimento negativo. Sim, lendo aprendemos a sermos pessoas melhores. Porque simplesmente ao ler vemos as histórias do mundo e das vidas das pessoas para termos referências do que devemos pensar, fazer e viver. Enfim, ler é das coisas mais importantes dentre as coisas que realmente valem a pena.

É isso.

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